sexta-feira, 24 de março de 2017



Alcoforados

Senhores da Torre dos Alcoforados em Paredes e Padroeiros do Mosteiro de Bustelo em Penafiel
      
Segundo a cópia do livro Tractado genealogico das Familias Ilustres do Reyno de Portugal. Tomo Sexto. De Manoel de Meyrelles de Souza. Presentemente de Joze Monteiro Guedes de Vasconcelos Mourão, pertencente ao fundo documental da Casa do Bovieiro, Dom Gueda o Velho, filho de D. Mem Gomes, é referido no nobiliário do Conde D. Pedro como tendo tido D. Huer Gueda. Huer Gueda, o Moço, viveu no tempo de D. Fernando, o Magno, e D. Afonso VI de Castela. Teve dois filhos: D. Pedro Hueriz e Dona Urraca Hueris, esta última casou com Soeiro Paes. D. Pedro Hueriz pensa-se que terá vindo para Portugal com o Conde D. Henrique e casou com Dona Teresa Aires de Ambia e tiveram Mem Aires Pires de Aguiar, que viveu no tempo do Conde D. Henrique e por morar na Quinta de Aguiar de Sousa tomou o sobrenome de Aguiar. Casou com Dona Mayor Garcia, filha de Garcia Afonso e de sua mulher Dona Estefânia e tiveram Pedro Mendes de Aguiar.
Pedro Mendes de Aguiar viveu no tempo de D. Afonso Henriques, sucedeu na quinta de Aguiar de Sousa e confirmou a doação que o dito rei fez do Mosteiro de Santa Cruz das igrejas de Leiria, a 4 de abril de 1142. Casou com Dona Estefina Mendes, filha de D. Mendo de Gundar. Tiveram vários filhos, mas quem sucedeu nos bens em Aguiar de Sousa foi Martim Pires de Aguiar. Este casou com Dona Elvira Gonçalves de Sousa, filha de Gonçalo Gomes de Sousa, o Bom, e com ela herdou o padroado de Bustelo e outras fazendas que pertenciam à Casa dos Sousas. Sucedeu-lhe seu filho Pedro Martins Alcoforado, o primeiro a tomar o apelido de Alcoforado, por morar no lugar de Alcoforado, na freguesia de Lordelo, concelho de Aguiar de Sousa, onde em meados do século XVIII ainda se conservava a torre antiga e a capela, mas as casas já se encontravam em ruínas. Este foi padroeiro do Mosteiro de Bustelo, viveu no tempo dos reis D. Sancho I e D. Afonso II, foi Senhor da Honra de Padrozelo, no concelho de Penafiel de Sousa e casou com Dona Teresa Soares de Paiva, filha de D. Soeiro Paes de Paiva e de sua mulher Dona Urraca Mendes de Bragança. Sucedeu-lhe seu filho D. Afonso Pires Alcoforado, Senhor da Torre e Casa de Alcoforado, que casou com Dona Aldara Gomes Coelho. Tiveram vários filhos, um deles Lopo Afonso Alcoforado, foi pajem de lança do rei D. Dinis, quando este era ainda príncipe e também Martim Afonso Alcoforado. Este último sucedeu na casa de seu pai e casou duas vezes, a primeira com Dona Maria e a segunda com Dona Maria Pires de Ribeira.
Pedro Martins Alcoforado, filho do segundo matrimónio de Martim Afonso Alcoforado, Senhor da Casa e Torre dos Alcoforados, em Lordelo, foi alcaide-mor de Elvas, casou com Dona Mayor Gonçalves da Cunha e veio a falecer em 1365. Sucedeu-lhe seu filho Gonçalo Pires Alcoforado, que para além de Senhor da Torre foi, também, alcaide-mor de Campo Maior, em 1357. Casou com Dona Brites Loureiro de Bubal e tiveram dois filhos, Rui Gonçalves Alcoforado, que esteve ao lado do rei D. João I na guerra e que pelos serviços prestados obteve a Quinta de Ferreiros, em Viseu, e o Senhorio da Vila da Bemposta e Penas Roxas, e Martim Gonçalves Alcoforado que sucedeu o seu pai na Casa e Torre.
Martim Gonçalves Alcoforado, também, serviu D. João I na guerra com Castela obtendo desta forma as terras de Santa Cruz de Riba Tâmega, e pelos serviços prestados ao Conde D. Nunes Alvares Pereira obteve o Senhorio de Baltar em 1396.
Fernão Martins Alcoforado, seu filho, sucede-lhe na Torre de Alcoforado, foi Senhor da Honra de Frazão e através do casamento, Senhor da Quinta da Torre, no concelho de Porto Carreiro e o padroado de Vila Boa de Quires. Apoiou o Infante D. Pedro nas lutas deste contra seu sobrinho e genro D. Afonso V, estando a seu lado na batalha de Alfarrubeira, em 1449, e por este motivo o rei D. Afonso V tirou-lhe os Senhorios e a maior parte dos bens, tendo falecido em 1453. Seu filho Gonçalo Vaz Alcoforado e de Dona Maria da Cunha sucedeu na Casa de Alcoforado e pela sua mãe na Quinta de Louredo, em Abragão, bem como, a Quinta de Faial, junto a Barcelos, onde residia, tendo falecido em 1501.
Tractado genealogico das Familias Ilustres do Reyno de Portugal. Tomo Sexto. De Manoel de Meyrelles de Souza. Presentemente de Joze Monteiro Guedes de Vasconcelos Mourão, pertencente ao fundo documental da Casa do Bovieiro, Francisco de Sousa Alcoforado, filho do segundo matrimónio de Gonçalo Vaz Alcoforado, nasceu no ano de 1497. Sucedeu na Quinta e Torre de Alcoforado, mas juntamente com o seu irmão António de Sousa Alcoforado partiu para a India e envolveu-se nas guerras em Malaca. Nestas, como capitão de um navio, alcançou grandes vitórias no ano de 1538. Foi comendador da Ordem de Cristo e morou na cidade do Porto, onde veio a falecer em 1550 e foi sepultado na Sé do Porto, numa sepultura com as armas dos Sousas, diante da Capela do Sacramento. Foi casado com Dona Maria Rangel, filha de Luís Alvares Rangel, Comendador de Lavra. Esta senhora trouxe em dote a Quinta de Canaveses e a Comenda de Salvador de Lavra. A Casa e Torre de Alcoforado ficou para o seu filho António de Sousa Alcoforado e a Quinta de Canaveses para sua filha Dona Leonor de Sousa. A Casa de Alcoforado foi vinculada por Dona Maria Rangel após a morte de seu marido, no ano de 1560, tendo a Senhora falecido nove anos depois e foi sepultada junto ao túmulo de seu marido, na capela do vínculo.
António de Sousa Alcoforado serviu o rei D. João III, em África, tendo por isso recebido a comenda de São Pedro. Faleceu em 23 de outubro de 1591 e foi sepultado na capela dos religiosos, em Barcelos. O vínculo de Alcoforado ficou para Fernão Martins de Sousa, seu filho, que serviu na India alguns anos, de onde veio aleijado das mãos. Casou com Dona Antónia de Sousa, filha de seu tio António de Sousa Alcoforado, e veio a morrer em 1610, do ferimento causado por lhe cair na cabeça o badalo do sino da sua capela.
 
 

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