sexta-feira, 31 de março de 2017


            Martim Peres, cavaleiro e fidalgo, ocupa um lugar de destaque na história de Boelhe, no período da reconquista que, montando o seu cavalo e empunhando a espada, lutou com todas as suas forças e bravura, para a libertação das terras que fazem parte da freguesia de Boelhe, libertando-as do domínio muçulmano.
D. Sancho I, como reconhecimento dos feitos de Martim Peres na peleja da reconquista, doou-lhe muitas terras no lugar de Boelhe, Souto, Estremadouro, Bairros, Tapada e Améla, isentando-as de foros, onde os cobradores do estado, lá tinham entrada, tornando-o cavaleiro honrado, razão pela qual, ter existido uma honra em Boelhe.
 
Cf. SOARES, João. Boelhe.
Notícias de Penafiel, Penafiel, 5 de agosto. 2016. Edição n.º14. p.11.
 

 
As festividades do ciclo do linho

           Algumas das etapas do extenso e penoso ciclo do linho decorriam em ambiente de festa, principalmente as que estão imbricadas no ciclo agrícola, tais como: a arrinca, a ripagem, o enlagamento (que muitas vezes ocorriam no mesmo dia), a espadelada e a fiada. Quem colaborava nestes trabalhos ficava com a garantia que quando estes ocorressem em sua casa, o lavrador e família, que hoje os acolhia, também iriam participar. Os lavradores vizinhos que acorriam a ajudar, para além da mão-de-obra, contribuíam muitas vezes com as suas próprias alfaias agrícolas.
 
Cf. ANILEIRO, Ana. A broa e os moinhos em Penafiel.
Notícias de Penafiel, Penafiel, 8 de julho. 2016. Edição n.º11. p.6.
 
 
Quartel Militar e o Paiol

             A entrega do quartel ao Ministério da Guerra acontece em 1880. Nos anos de 1908-1909, o quartel altera a relação com a avenida e a sua envolvente. Um pedido de alargamento da área do quartel leva à expropriação de algumas casas, dando lugar à ampliação do jardim. Nessa altura, o muro do quartel passa a ir até ao muro da escola e às traseiras do Grémio Penafidelense.
Segue-se a obra do paiol, colocado durante anos em locais sem segurança junto ao Recolhimento.
A Câmara propôs que o novo paiol fosse feito no extremo SW do campo da feira.


Cf. GRAVETO, Pedro José Garcia do Nascimento – A Matriz até à Misericórdia. Coimbra: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2000. Tese de Licenciatura policopiada, p. 54-55.



 
O estilo Neoclássico da Igreja da Misericórdia de Penafiel
Os retábulos colaterais e laterais
 
           As invocações deduzidas num inventário de 1821 concordam com as presentes: Senhor Preso à Coluna (Evangelho) e Ecce Homo (Epístola) que, afinal, têm origem mais remota: no ano de 1685, a Mesa manda aumentar os altares colaterais, abrindo-se meios-arcos nas paredes (os atuais). Mas encontrou-se outra solução: novos retábulos (presumivelmente maneiristas), recebendo aquelas imagens. Não serão mesmas, porque, em 1812, a Mesa paga ao escultor das imagens do Senhor Ecce Homo e Senhor Crucificado. No mesmo ano, o pintor Tavares, de Penafiel, recebe da Mesa, por conta das pinturas da igreja e, em 1813, pela pintura dos quatro santos dos altares.
Decorria o ano de 1852 quando Joaquim Macário da Cunha, pintor penafidelense, encarnou uma imagem do Senhor para os retábulos colaterais.
No que tange à talha, privilegiou-se um mestre entalhador de Mesão Frio, António José Ferreira, que é contratado para fazer quatro altares colaterais (leia-se retábulos colaterais e dois laterais) para a igreja da Misericórdia, em 1798, “lisos e graves”, como recomendava a Mesa.
O douramento e a pintura dos retábulos, púlpitos e guada-vento da igreja concretiza-se em 1806, que é entregue ao pintor penafidelense José Tavares Pimentel. A Mesa declarava que todas aquelas peças já estavam feitas há muitos anos; no ano de 1808, procede-se ao acrescento da pintura e do douramento dos altares e, em 1813, reitera-se a pintura e o douramento dos mesmos.
 
Cf. MENESES, José Carlos. O estilo Neoclássico da Igreja da Misericórdia de Penafiel. Notícias de Penafiel, Penafiel, 29 de julho. 2016. Edição n.º13. p.11.
 


 
Arquiconfraria do Santíssimo e Imaculado Coração de Maria
 
       A Arquiconfraria do Santíssimo e Imaculado Coração de Maria foi, numa 1.ª fase, ereta na Igreja do Calvário, junto à Ordem Terceira de São Francisco, sendo a sua mesa governativa composta também por homens da dita Ordem, coexistindo pacificamente durante uns anos. Contudo, com a chegada do ano de 1854, os problemas começavam a agravar-se e, em 1855, decidiram mudar-se para a Igreja do Recolhimento. A 21 de Abril estabeleceram contrato com as recolhidas e, um ano depois, por decreto de 1 de Abril de 1856, Sua Majestade concedeu autorização para a transferência. A 23 de Abril de 1856, o alvará régio confirma novos estatutos.
Em 1856, avizinhava-se uma nova fase para a Arquiconfraria, agora já devidamente instalada no recolhimento, junto às irmãs ainda vivas.


Cf.: ARQUIVO MUNICIPAL DE PENAFIEL – Arquiconfraria do Imaculado Coração de Maria. Penafiel: Câmara Municipal de Penafiel, 2010, p. 9-10. Disponível na internet:
http://www.cm-penafiel.pt/…/inventarios-e-documentacao-publ…

 
 

segunda-feira, 27 de março de 2017

Casas da Escola
 
      Na 2.ª metade do século XIX, a cidade passou a ter casas para escolas.
O primeiro edifício feito para ensino surgiu com o legado do Conde Ferreira. O Governo Civil, em 1866, entregou à Câmara a planta do modelo que havia sido adotado para as escolas a edificar.
Esta escola implantou-se em parte da cerca do extinto recolhimento e ficou acabada em 1869.
Apareceram, depois, o Colégio de Nossa Senhora da Conceição, para ensino feminino, na Rua Alfredo Pereira e o Colégio do Carmo, que primeiramente se instalou na Rua do Carmo.
Na década de oitenta, o colégio instalou-se no Palácio Pereira do Lago, na Rua do Paço.
 
        Cf. GRAVETO, Pedro José Garcia do Nascimento – A Matriz até à Misericórdia. Coimbra: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2000. Tese de Licenciatura policopiada, p. 56
 

domingo, 26 de março de 2017

ações
Grupo Musical os Bons Amigos do Salvador de Paço de Sousa
 
            Em 1930 alguns rapazes da freguesia resolveram restaurar uma antiga “Orquestra” da localidade, assim marcaram uma reunião na qual iriam escolher o regente do grupo e distribuir os instrumentos.
O regente escolhido foi José Ferreira Lourenço. O grupo denominar-se-ia Grupo Musical de São José de Paço de Sousa.
Nos dois anos seguintes, certos conflitos entre o grupo levaram ao afastamento de alguns membros e à fundação, em 1932, do Grupo Musical Os Bons Amigos do Salvador de Paço de Sousa.
Este último composto em janeiro de 1932 por: Belmiro Moreira Ferraz; Adriano Loureiro; António Moreira Silva; António Coelho Ferraz Taborda; Altino Dias Ferraz; Armando Ferraz Dias; Messias Moreira Ferraz.
O grupo musical de S. José de Paço de Sousa continuou a existir, sendo composto em maio de 1932 pelo presidente: José Ferreira Lourenço, o secretário: José Rebelo da Silva, o tesoureiro: António Nogueira da Silva e por dois vogais: Adriano Rebelo Brandão e Joaquim Pais Neto.
 
Cf. MENDES, Manuel – Esboço histórico da Banda Musical de Paço de Sousa (no seu cinquentenário). Paço de Sousa. Banda Musical e Cultural de Paço de Sousa, 1991,p.47-51.
Imagens retiradas do mesmo livro p.49-50.

sexta-feira, 24 de março de 2017

Amigos do Arquivo de Penafiel
A realização de missas enquanto
“o mundo fosse mundo”
A realização de sufrágios perpétuos, impostos em legados e/ou solicitados em testamentos na Idade Moderna, permitiam a perpetuação da memória do instituidor por toda a eternidade, bem como, se tornava numa garantia de salvação de sua alma do fogo torturante do purgatório.
A realização intermitente de sufrágios tornou-se um hábito que todos os homens que tivessem alguns bens pretendiam assegurar para descanso de suas consciências.
Entre 1628 e 1900, 82% dos contratos feitos com a Santa Casa de Penafiel eram de missas perpétuas. A partir de meados do século XIX, a necessidade de sufrágios e ternos foi desaparecendo. As missas tornam-se mais importantes nos dias imediatos ao falecimento e a população começa a entender que existia um prazo para salvar as almas, além de que a quantidade de missas que haviam ficado por rezar, na maior parte dos altares portugueses, desde meados da centúria de setecentos, bem como, o uso indiscriminado de breves de redução e de comutação de legados usados pelas confrarias e irmandades, demonstraram a inviabilidade dos sufrágios perpétuos.
 
Cf. Fernandes, Sofia – “Aliciar as almas e os corpos através da transmissão de bens para a Misericórdia de Penafiel: legados pios, contratos entre vivos e doações”, in Araújo, Maria Marta Lobo de – A intemporalidade da Misericórdia – As Santas Casas portuguesas: espaços e tempos. Braga: Santa Casa da Misericórdia de Braga, 2016. P. 14-15.

 Imagem: Quadro da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel
 


Alcoforados

Senhores da Torre dos Alcoforados em Paredes e Padroeiros do Mosteiro de Bustelo em Penafiel
      
Segundo a cópia do livro Tractado genealogico das Familias Ilustres do Reyno de Portugal. Tomo Sexto. De Manoel de Meyrelles de Souza. Presentemente de Joze Monteiro Guedes de Vasconcelos Mourão, pertencente ao fundo documental da Casa do Bovieiro, Dom Gueda o Velho, filho de D. Mem Gomes, é referido no nobiliário do Conde D. Pedro como tendo tido D. Huer Gueda. Huer Gueda, o Moço, viveu no tempo de D. Fernando, o Magno, e D. Afonso VI de Castela. Teve dois filhos: D. Pedro Hueriz e Dona Urraca Hueris, esta última casou com Soeiro Paes. D. Pedro Hueriz pensa-se que terá vindo para Portugal com o Conde D. Henrique e casou com Dona Teresa Aires de Ambia e tiveram Mem Aires Pires de Aguiar, que viveu no tempo do Conde D. Henrique e por morar na Quinta de Aguiar de Sousa tomou o sobrenome de Aguiar. Casou com Dona Mayor Garcia, filha de Garcia Afonso e de sua mulher Dona Estefânia e tiveram Pedro Mendes de Aguiar.
Pedro Mendes de Aguiar viveu no tempo de D. Afonso Henriques, sucedeu na quinta de Aguiar de Sousa e confirmou a doação que o dito rei fez do Mosteiro de Santa Cruz das igrejas de Leiria, a 4 de abril de 1142. Casou com Dona Estefina Mendes, filha de D. Mendo de Gundar. Tiveram vários filhos, mas quem sucedeu nos bens em Aguiar de Sousa foi Martim Pires de Aguiar. Este casou com Dona Elvira Gonçalves de Sousa, filha de Gonçalo Gomes de Sousa, o Bom, e com ela herdou o padroado de Bustelo e outras fazendas que pertenciam à Casa dos Sousas. Sucedeu-lhe seu filho Pedro Martins Alcoforado, o primeiro a tomar o apelido de Alcoforado, por morar no lugar de Alcoforado, na freguesia de Lordelo, concelho de Aguiar de Sousa, onde em meados do século XVIII ainda se conservava a torre antiga e a capela, mas as casas já se encontravam em ruínas. Este foi padroeiro do Mosteiro de Bustelo, viveu no tempo dos reis D. Sancho I e D. Afonso II, foi Senhor da Honra de Padrozelo, no concelho de Penafiel de Sousa e casou com Dona Teresa Soares de Paiva, filha de D. Soeiro Paes de Paiva e de sua mulher Dona Urraca Mendes de Bragança. Sucedeu-lhe seu filho D. Afonso Pires Alcoforado, Senhor da Torre e Casa de Alcoforado, que casou com Dona Aldara Gomes Coelho. Tiveram vários filhos, um deles Lopo Afonso Alcoforado, foi pajem de lança do rei D. Dinis, quando este era ainda príncipe e também Martim Afonso Alcoforado. Este último sucedeu na casa de seu pai e casou duas vezes, a primeira com Dona Maria e a segunda com Dona Maria Pires de Ribeira.
Pedro Martins Alcoforado, filho do segundo matrimónio de Martim Afonso Alcoforado, Senhor da Casa e Torre dos Alcoforados, em Lordelo, foi alcaide-mor de Elvas, casou com Dona Mayor Gonçalves da Cunha e veio a falecer em 1365. Sucedeu-lhe seu filho Gonçalo Pires Alcoforado, que para além de Senhor da Torre foi, também, alcaide-mor de Campo Maior, em 1357. Casou com Dona Brites Loureiro de Bubal e tiveram dois filhos, Rui Gonçalves Alcoforado, que esteve ao lado do rei D. João I na guerra e que pelos serviços prestados obteve a Quinta de Ferreiros, em Viseu, e o Senhorio da Vila da Bemposta e Penas Roxas, e Martim Gonçalves Alcoforado que sucedeu o seu pai na Casa e Torre.
Martim Gonçalves Alcoforado, também, serviu D. João I na guerra com Castela obtendo desta forma as terras de Santa Cruz de Riba Tâmega, e pelos serviços prestados ao Conde D. Nunes Alvares Pereira obteve o Senhorio de Baltar em 1396.
Fernão Martins Alcoforado, seu filho, sucede-lhe na Torre de Alcoforado, foi Senhor da Honra de Frazão e através do casamento, Senhor da Quinta da Torre, no concelho de Porto Carreiro e o padroado de Vila Boa de Quires. Apoiou o Infante D. Pedro nas lutas deste contra seu sobrinho e genro D. Afonso V, estando a seu lado na batalha de Alfarrubeira, em 1449, e por este motivo o rei D. Afonso V tirou-lhe os Senhorios e a maior parte dos bens, tendo falecido em 1453. Seu filho Gonçalo Vaz Alcoforado e de Dona Maria da Cunha sucedeu na Casa de Alcoforado e pela sua mãe na Quinta de Louredo, em Abragão, bem como, a Quinta de Faial, junto a Barcelos, onde residia, tendo falecido em 1501.
Tractado genealogico das Familias Ilustres do Reyno de Portugal. Tomo Sexto. De Manoel de Meyrelles de Souza. Presentemente de Joze Monteiro Guedes de Vasconcelos Mourão, pertencente ao fundo documental da Casa do Bovieiro, Francisco de Sousa Alcoforado, filho do segundo matrimónio de Gonçalo Vaz Alcoforado, nasceu no ano de 1497. Sucedeu na Quinta e Torre de Alcoforado, mas juntamente com o seu irmão António de Sousa Alcoforado partiu para a India e envolveu-se nas guerras em Malaca. Nestas, como capitão de um navio, alcançou grandes vitórias no ano de 1538. Foi comendador da Ordem de Cristo e morou na cidade do Porto, onde veio a falecer em 1550 e foi sepultado na Sé do Porto, numa sepultura com as armas dos Sousas, diante da Capela do Sacramento. Foi casado com Dona Maria Rangel, filha de Luís Alvares Rangel, Comendador de Lavra. Esta senhora trouxe em dote a Quinta de Canaveses e a Comenda de Salvador de Lavra. A Casa e Torre de Alcoforado ficou para o seu filho António de Sousa Alcoforado e a Quinta de Canaveses para sua filha Dona Leonor de Sousa. A Casa de Alcoforado foi vinculada por Dona Maria Rangel após a morte de seu marido, no ano de 1560, tendo a Senhora falecido nove anos depois e foi sepultada junto ao túmulo de seu marido, na capela do vínculo.
António de Sousa Alcoforado serviu o rei D. João III, em África, tendo por isso recebido a comenda de São Pedro. Faleceu em 23 de outubro de 1591 e foi sepultado na capela dos religiosos, em Barcelos. O vínculo de Alcoforado ficou para Fernão Martins de Sousa, seu filho, que serviu na India alguns anos, de onde veio aleijado das mãos. Casou com Dona Antónia de Sousa, filha de seu tio António de Sousa Alcoforado, e veio a morrer em 1610, do ferimento causado por lhe cair na cabeça o badalo do sino da sua capela.
 
 

quarta-feira, 22 de março de 2017

Acervo Documental da Junta de Freguesia
 de
 Novelas
             O Arquivo da Junta de Paróquia Civil, mais tarde denominada Junta de Freguesia, estava a cargo dos executivos que foram passando ao longo dos anos, até se fazerem as instalações da Junta de Freguesia de Novelas. A partir deste momento, os documentos encontravam-se numa pequena sala da Junta de Freguesia, em estanterias metálicas e encontravam-se todos minimamente identificados, quanto à série ou sub série e às datas, essencialmente os mais recentes. A nível do estado de conservação, esta documentação encontrava-se, no geral, em razoável estado de conservação tendo apenas algumas capas ou lombadas descoladas.
A 2 de Fevereiro de 2001, foi assinado um protocolo de depósito do arquivo, da Junta de Freguesia de Novelas, entre o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Penafiel e Sr. Presidente da referida Junta. Através deste protocolo, toda a documentação da Junta de Freguesia, que já havia perdido o valor administrativo ou em que este era quase nulo, ficou depositada no Arquivo Municipal.
Cf.: SILVA, Júlio – Junta de Freguesia de Novelas – Inventário do Acervo Documental. Penafiel: Câmara Municipal de Penafiel, 2004, p. 31.
 
Amigos do Arquivo de Penafiel
Fundo documental da Casa de Cabanelas
Bustelo
            Encontra-se no Arquivo Municipal por contrato de depósito e estará disponível, quer a sua descrição quer os documentos em suporte digital até ao verão de 2018.
Baliza entre o séc. XVII e inícios do séc. XX e é um fundo de pequenas dimensões uma vez que, grande parte do arquivo de Cabanelas, foi se dispersando pelos vários herdeiros.






 

terça-feira, 21 de março de 2017

Dotação de órfãs
             Praticamente todas as misericórdias de Portugal e do Ultramar distribuíram dotes para casamento de órfãs pobres ou para parentas dos instituidores destas obras pias, constituindo uma forma de contrato social dos comportamentos femininos, que se acentuou após Trento, tornando-se algo comum na Idade Moderna.
Penafiel não fugiu à regra e, se para o século XVII, temos a instituição de cinco legados para dotar órfãs, na centúria seguinte aumentou para sete, não chegando à Santa Casa, no século XIX, nenhum legado com este propósito.
O grande volume de contratos instituídos com o fim de dotar donzelas não justificou que a irmandade penafidelense atribuísse dotes a partir de receitas próprias, como outras instituições congéneres efectuaram, uma vez que vários beneméritos se encarregaram de legar bens à irmandade para o efeito.
Os instituidores de legados para dotar órfãs na Misericórdia de Penafiel foram todos homens, verificando-se, assim, uma preocupação masculina na ressalva da honra e virtudes das mulheres, assumindo-se como pais protectores para aquelas que os haviam perdido.
 
              Cf. Fernandes, Paula Sofia Costa – Casamento, honra e família: os dotes da Misericórdia de Penafiel (séculos XVII_XIX). In Capela, José Viriato; Araújo, Maria Marta Lobo de; Esteves, Alexandra; Castro, Sandra (org.) – Da caridade à solidariedade: Políticas públicas e práticas particulares no mundo ibérico. Braga: Universidade do Minho. Laboratório de paisagens, património e Território – Lab2PT, 2016. P. 92-93.
 
Foto de Amigos do Arquivo de Penafiel.

sexta-feira, 17 de março de 2017

 
              O semanário
“ A Escola Primária”
 
                 Os proprietários eram os professores Belmiro Nogueira Xavier e Artur Melo, sendo o primeiro, professor e regente na escola sede Conde Ferreira em Penafiel. A principal função deste semanário seria chamar a atenção para os problemas da “ malfadada escola portugueza “ e para os problemas do Professor “desprotegido funcionário de tão vantajosa oficina. (…)” Entre os objetivos do Sindicato dos Professores de Penafiel há que salientar os seguinte...s: adquirir bons livros de pedagogia e psicologia que constituiriam uma biblioteca onde os professores iriam adquirir conhecimentos precisos; lutar pelo estudo, pelo trabalho e pelo aperfeiçoamento dos métodos e processos de ensino; preparar física, moral e intelectualmente as gerações futuras com base nos princípios do Trabalho, Ordem e Liberdade; divulgar e pôr em prática os passeios escolares, as visitas de estudo e as lições no campo. Os professores lutariam pelo cumprimento do regulamento da reforma educativa de 29 de Março de 1911 tendo por isso várias reivindicações, tais como, o funcionamento efetivo das escolas; o fornecimento do bónus de 50% nos caminhos-de-ferro do Estado e a concessão aos alunos da escola primária de passagens grátis nos mesmos caminho-de-ferro sempre que o professor os quisesse levar em viagem de estudo; os pagamentos justos e em dia aos professores.
Manoel Antunes Amor, professor e inspetor interino que pertencia ao Movimento da Escola Nova publicou vários artigos neste jornal incluindo um em que faz um sentido apelo a todos os professores pela sua união. No dia 1 de Agosto de 1912, sai um artigo que se refere à falta de interesse e empenho da classe do professorado que passo a citar: “Indiferença, cepticismo, descrença, a trilogia que se enraizou no peito da maior parte do professorado e que o leva a descurar os seus mais legítimos interesses (…) Eis as causas que se opõem à tão sonhada União de Classe.”
O último número do jornal “ A Escola Primária”, número 51, saiu para as bancas no dia 28 de Novembro de 1912.
 
Cf. CARDOSO, Lúcia Chaves. O jornal “ A Escola Primária” e a organização sindical dos professores em Penafiel (1911-1912). Notícias de Penafiel, Penafiel, 15 de Julho. 2016. Edição n.º12. p.6.
 

quinta-feira, 16 de março de 2017

                 Capela Santo António Velho

A Capela de Santo António Velho, que hoje já não existe, esteve ereta no lugar onde se encontra a atual Igreja de Nossa Senhora do Carmo.
Não temos nenhuma referência à época em que foi criada, sabemos, contudo, que no século XVIII se encontrava um pouco danificada e que desta forma, foram feitas várias obras. Ainda em meados deste século, concretamente em 1747, o Padre Manoel Pinto de Souza da Quinta de Chelo, fez contrato por escritura com os administradores da Real Casa da Misericórdia de Penafiel para lhe mandarem dizer na capela, nos dias Santos e Domingos, pela esmola de 120 reis, as missas. Assim, a Santa Casa deveria pagar à fábrica da Capela anualmente 6 mil e 400 reis para serem entregues ao Juiz do dito Santo para o gastarem na Capela.
Porém, o mesmo livro refere que em 1782 já não se fazia a eleição de Juiz e Procurador da Capela, apesar da Santa Casa continuar a querer nomear o capelão, mas, também há vários anos não existia sacerdote que, pela dita esmola fosse sujeitar-se a satisfazer na capela as missas. A Misericórdia vê-se com o problema de não ter a quem entregar os 6.400 reis para a fábrica e menos quem cuide de reparar a Capela. Em 29 de Julho de 1798 é nomeado António José de Afonseca, da Rua da Calçada, para administrador da capela e imagens de Santo António, com o objectivo de governar, administrar e zelar pelas esmolas do Santo, assim como todos os arrendamentos, alfaias, capela e seu património.

p.21-25
Amigos do Arquivo de Penafiel

 1.º Barão de Beduido

O título de Barão de Beduido foi criado por decreto de D. João VI, em 6 de fevereiro de 1818 e
em 28 desse mês, Nicolau Xavier de Figueiredo Bulhões Castelo Branco recebeu o dito título.
A 11 de abril de 1812 redigiu o seu testamento, tendo falecido em julho desse ano.
Teve 6 filhos do seu casamento com Dona Maria de Penha de França Pereira Lacerda, filha de João António de Lemos Pereira de Lacerda Delgado
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Cf. ARQUIVO MUNICIPAL DE PENAFIEL – Inventário do acervo documental do Morgado da Aveleda. Penafiel: Câmara Municipal de Penafiel, 2011, p.1106.
Imagem retirada do mesmo inventário, cota PT/SACQA/MA/C/S/B/bfl.08.



segunda-feira, 13 de março de 2017

Amigos do Arquivo de Penafiel

Arquivo da Sociedade Mercantil

Freitas & Neves

                Era constituída por uma empresa em que o comércio principal consistia em fazendas de lã e seda e por uma fábrica em que se manufacturavam peças de seda, ouro e prata, no Porto.
Esta sociedade iniciou-se em 1 de abril de 1810 e findou com a morte de José Maria das Neves, em 7 de fevereiro de 1836. O sócio sobrevivente da empresa era Domingos José de Freitas Guimarães, da freguesia de Santo Ildefonso, no Porto.
Quando a empresa faliu, Jerónimo Carneiro Geraldes, foi nomeado administrador da massa falida.
Uma parte do arquivo da Sociedade Mercantil Freitas & Neves foi colocada à guarda do tribunal, em meados do século XIX. Mais tarde, passou para a posse dos proprietários da Quinta da Aveleda, sendo guardada com o restante arquivo da família.
A documentação encontra-se digitalizada e acessível on-line, no programa GEAD, e está balizada cronologicamente entre 1766-1836, sendo composta por 25 livros, 1 caderno, 1 bifólio e 1 fólio.
Desta forma, possui registo de despesa com portes de navio de 1766-1770, com a soma de quanto custavam os fretes, mercadorias e alugueres de armazéns. Este documento, anterior à data da fundação da sociedade, pertencia a Brás de Abreu Aranha, que esteve relacionado com a dita sociedade.
Possui um livro de faturas de 1802 a 1814, possuindo faturas de compras, grande parte delas feitas em Londres, Lisboa, Porto e Rio de Janeiro, por ordem da Sociedade Freitas & Neves e enviadas para Portugal, demonstrando que a firma já funcionaria antes da sua constituição legar em 1810. Compões este subsistema um livro copiado de bilhetes de alfândega, com os dados dos navios e o que transportavam, bem como, com o valor do que foi pago na alfândega. Um “borrão de correntes e lembranças” de 1810-1835, que se refere à aquisição de algodão, açúcar, couros e tecidos. Um livro de 1810-1835, com registo das compras e arrematações em praça pública, que especifica os bens adquiridos, nomeadamente, couros, fardos com peças de tecidos, sacos com algodão empluma, entre outros.
O registo mensal das dívidas de “diversos” a “Domingos José de Freitas Gomes”, a “Fazendas Gerais”, a “Caixa” e vice-versa.
Um livro de caixa de 1817 a 1834, com várias entidades a declarar que receberam dos senhores Freitas e Neves várias quantias relativas a fazendas e aluguer.
Um diário de caixa de 1826 a 1834, que possui o pagamento aos oficiais da fábrica, alugueres da mesma, entradas de dinheiro do Banco Inglês, pagamentos de direitos de alfândega.
Quatro livros referentes a “saídas de mercadorias”, de 1809-1835, relativo a tecidos, açúcares entre outros produtos.
Três livros de borradores com o registo das compras efetuadas, a pessoa a quem comprou, o quê e o valor. Registos de vendas.
Dois livros de “Memorial diário” entre 1810 e 1825, com o registo diário do que se pagou e do que se recebeu, o nome e o valor, bem com o registo de pagamento de férias aos oficiais da fábrica.
Entre outros documentos.
Este sistema é valioso para quem pretende estudar a atividade comercial em Portugal e particularmente na cidade do Porto, na centúria de oitocentos.
Cf. ARQUIVO MUNICIPAL DE PENAFIEL – Inventário do acervo documental do Morgado da Aveleda. Penafiel: Câmara Municipal de Penafiel, 2011, p.1249-1261
Imagens do Sistema Mercantil Freitas e Neves, cotas:
PT/SACQA/SMFN/001/LV01/fl.05.
PT/SACQA/SMFN/LV03/fl.05
 


Casa das repartições

A administração do concelho esteve sediada no edifício da Câmara durante uns tempos. Em 1871, a procura de novos espaços levou à mudança deste serviço e das repartições públicas para uma casa vizinha arrendada.
Contudo, este edifício teve de ser expropriado e, em parte, demolido, para possibilitar a abertura da Avenida Araújo e Silva. Depois, foi refeito para nele se instalar as repartições e o correio, uma vez que a administração do concelho já tinha conseguido o seu próprio espaço junto à Praça do Mercado, na casa dos corregedores.

Cf. GRAVETO, Pedro José Garcia do Nascimento – A Matriz até à Misericórdia. Coimbra: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2000. Tese de Licenciatura policopiada, p.54.

Imagens: Edifício das repartições e desenhos do autor retirados do mesmo livro.
No dia da mulher... Deixamos o exemplo de uma mulher que esteve muito à frente da sua época
Maria Isabel Wittenhall
Nasceu a 6 de novembro de 1749.
Era filho de Townsend Wettenhall e de Anna Canner.
Casou com Pedro Van Zeller em 4 de maio de 1767.
Tiveram 3 filhos: Arnaldo João Van Zeller, Luís Teodoro Van Zeller e Francisco José Van Zeller (pai de Roberto Van Zeller, avô de Cristiano Van Zeller) este nascido a 10 de março de 1774.
Dona Maria Isabel nasceu na sua quinta de Avintes e foi baptizada na freguesia de Santa Marinha, em Vila Nova de Gaia.
Maria Isabel faleceu a 5 de novembro de 1819, no dia anterior a fazer 70 anos de idade, em Avintes, sendo sepultada no jazigo de família, no convento de São Domingos, no Porto.
Em 1808, recebeu da Academia Real das Ciências a medalha de ouro e a concessão do grau de sócia correspondente, pois foi pioneira da introdução da vacina variólica no Norte de Portugal.
Isabel Wittenhall principiou a vacinar em 1805 na sua quinta, em Avintes, e também na sua casa do Porto. Foi iniciada na técnica de vacinação pelo cirurgião José da Cunha. De acordo com os registos da academia, entre 1805 e 1819, Isabel Van Zeller fez 13 408 vacinações.

Cf. ARQUIVO MUNICIPAL DE PENAFIEL – Inventário do acervo documental do Morgado da Aveleda. Penafiel: Câmara Municipal de Penafiel, 2011, p.1204-1205.
Cf. Silva, José Alberto Teixeira Rebelo da – A academia Real das Ciências de Lisboa (1770-1834): ciências e hibridismo numa periferia europeia. Lisboa: Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2015. Tese de doutoramento e História e Filosofia das ciências policopiada. P. 286-287.

Imagem retirada do site http://geneall.net/ e imagem do documento pertencente ao espólio do Morgado da Aveleda, cota PT/SACQA/MA/C/W/A/fl. 01.
 
 
 
 
 
 
 

quinta-feira, 9 de março de 2017

 
Casa da Câmara

Depois de Arrifana ascender à categoria de vila, é adjudicada, em 1747, ao mestre pedreiro Domingos Barbosa, a obra de construção da Casa da Câmara, justiça e cadeias.
O lugar escolhido é o Largo das Chãs, lado noroeste, na zona alta da vila, confirmando a tendência de crescimento do burgo nesse sentido e onde já havia sido construída a igreja da Santa Casa.
O edifício, pequeno, nã...o excedia 90 m2 de superfície, apesar de ter mais de um piso. Para modelo da fachada, pretendia-se seguir a fachada original da capela do hospital da Misericórdia.
A construção levou décadas, até que, ainda incompleto, foi substituído pela actual Casa da Câmara. A obra foi suspensa em 1757. Tinha a dita “caza sessenta palmos de comprido comparados e de largo trinta”, ou seja, 13,2x6,6m. Pretendia-se um edifício maior, novo, no local do anterior, para tal foi necessário comprar duas casas vizinhas.
A fachada principal ficou virada para o Largo das Chãs e as traseiras para a Praça do peixe.
Coriolano de Freitas Beça descreveu o interior antes das alterações efetuadas no final do século XIX e depois no Estado Novo:
“No andar do rez do chão é a cadeia, formando tres alojamentos, dous para homens e um para mulheres. Em cada alojamento para homens abrem-se tres janellas para a praça (…)”.
Subindo as escadas, o lance da direita levava ao tribunal judicial, o da esquerda às repartições e ao salão da Câmara. Entre estes dois espaços havia uma sala de espera.
O edifício acumulava, desta forma, diversos serviços e, em 1852, a Câmara vê-se sem sala para reuniões.
A partir de 1892 procedeu-se a uma grande alteração dos paços do Concelho com a demolição das paredes que separavam os salões do andar nobre.

Cf. GRAVETO, Pedro José Garcia do Nascimento – A Matriz até à Misericórdia. Coimbra: Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, 2000. Tese de Licenciatura policopiada, p.53-54.

 Imagem: FotoAntony





 

sexta-feira, 3 de março de 2017

                                Amigos do Arquivo de Penafiel
        Exmo(a) Senhor(a)

            Os Amigos do Arquivo de Penafiel têm a honra de convidar V.ª Ex.ª para a conferência que se irá realizar no próximo dia 11 de Março, no Arquivo Municipal de Penafiel, pelas 15 horas, apresentada pelo Doutor Adrião Pereira da Cunha com o tema: "Humberto Delgado no Portugal de Salazar, Breves apontamentos sobre a tese de doutoramento".
Gostaríamos muito de poder contar com a vossa presença....
Amigos do Arquivo de Penafiel